SINAIS | Pintura

JOAQUIM LOURENÇO
Se não conhecêssemos o autor, diríamos que o resultado desta pintura tem como origem um universo cheio de gente, um universo com companhia. Mas o que conhecemos de Joaquim Lourenço permite-nos afirmar que são os silêncios e um certo tipo de solidão que avivam todo este manancial, de gentes e coisas fixados nestes suportes. A sensação que nos fica é a da busca incessante de caminhos para nos aguçar a imaginação. Estes trabalhos de Joaquim Lourenço são alimentados por todas as temáticas já vista noutras obras ao longo da história.
Há vestígios do retrato, da paisagem da natureza morta, das marinhas… do formal e do informal. Mas elas trazem um novo ambiente ao cosmos das imagens: a ambiguidade dos sinais.Não nos parece que sejam obras abertas. E tão pouco que proponham profecias, moralismos, contos, ou reproduções. Elas desafiam-nos a que as retenhamos na memória e que as vasculhemos como coisa que nos assombra. Que nos obriga a procurar, aquilo que sabemos, ou não sabemos. Aquilo que apesar de não estar objectivado, possa ser o que queremos encontrar, numa explosão de formas e cores que nos questiona. O modo, em camadas, como nos são apresentadas, todas as presenças num sortido de cores e formas, transporta-nos para um sono acordado de onde se sai após o descodificar dos sonhos. E é na procura de algum sentido que, aqui, podemos encontrar os nossos sinais.
Amadora, Novembro de 2009
José Mourão


Inauguração:

DESTINOS TRAÇADOS | Pintura

DAVID MACIEL
EDUARDO ABRANTES
FERNANDO PINA

SULCOS CRUZADOS
A ambiguidade do título, Destinos Traçados, desta exposição de grupo, propõe-nos uma viagem pelas paragens da amizade. Provoca, em quem não viveu os lugares destes autores, imagens imaginadas em lugares distantes e de temperaturas elevadas. Imagens enevoadas para quem só as conheceu por descrição, impressão ou filmes. Nunca poderemos perceber as gentes, os climas, os odores, as brisas, as chuvas, as distâncias… Mas o que agora mais importa é o encontro que por meio da expressão pictórica leva a reencontros traçados. Os pretextos são de agora, mas as marcas, são vincos de outros tempos e lugares. Em suma, os destinos não estão traçados, vão sendo sulcados e por vezes voltam-se a cruzar. Com pintura ou sem ela. E nestes trabalhos, que aqui se apresentam, de David Maciel, Eduardo Abrantes e Fernando Pina, há, em comum, um ambiente acalorado de quem sentiu a longínqua África. Agora sulcada e vivida aqui tão perto.
Amadora, Agosto de 2009
José Mourão

DANÇA E JAZZ | Pintura

JOSÉ RAIMUNDO

A pintura de José Raimundo conduz-nos a um universo do gosto. O gosto da música jazz. Gosto esse que transborda em todas as telas do conjunto, apresentado, agora, na galeria espaço artever. A narrativa é a de quem sente por dentro os sons; de quem vibra com a presença dos grandes nomes; de quem se dispõe a operar na tela como se opera no instrumental de percussão. Ao ver estes trabalhos há como que uma sensação permanente de ruído. Esta figuração expressionista faz vibrar os sentidos como uma corda dedilhada, como um sopro conduzido por um metal. Pouco importa o que se conta. O que conta é o que se sente no constante ressoar dos dias.
Amadora, Junho de 2009
José Mourão

VER DE LONGE | Pintura

FERNANDO VIDAL

VER DE LONGE
Olhar a pintura de Fernando Vidal é como ver ao longe. É abarcar o todo como um pormenor. Visão que parece de todos, mas que cada um constrói em função da sua experiência de observador de paisagens, em sentido lato.
Para nós, há como que um olhar de mirantes que em viagem fixam um momento. Olha-se o instante e vê-se o instantâneo. Pouco importa se é de dia ou de noite, para que a acuidade registe um grande espaço ou algo pequeno e mais próximo.
Ao observar, estas obras, poderíamos cair na tentação de situar lugares, regiões, países, continentes ou universos. Poderíamos fixar-nos no modo de fazer, no modo de apor a matéria. Mas, eis que, surge a sugestão do elemento. Pela cor, pela forma, pelo tempo…
É laranja! É tórrido; É vermelho! É quente; É azul! É frio; É verde! É cálido; É amarelo! É seco; É castanho! É árido; É preto! É enigma... E de seguida, em catadupa: o fogo, o sangue, a água, o ar, a areia, a terra, a escuridão…
Damos mais uma volta e confrontamo-nos com a nossa posição em relação ao espaço. Estamos a ver de frente? De lado? De cima? De baixo? Ou de lado nenhum? De todos os lados em simultâneo é que não. Digamos que estamos a ver de dentro para fora da imagem e, de fora para dentro de nós. Há como que um espalhar o visível. Há como que um vasculhar o indizível. Tudo para que possamos ver de longe.
Amadora, Abril 2009
José Mourão

POLÍ(P)TICOS | 2º. PerCURSO | Artes Plásticas

ARTISTAS PARTICIPANTES

ANAMAR
BÁDIA LEMOS
CORCEIRO
EDUARDO ABRANTES
HENRIQUE FARIA
LURDES CRESPO
MACIEL


Galeria Espaço Artever
de 28 de Fevereiro a 28 de Março 2009






O 2º PerCURSO/Exposição de Artes Plásticas,
é uma iniciativa do Artever - Grupo de Artes Plásticas da Amadora. Foi promovido e realizado no ano de 2008, no âmbito da formação e trabalho de atelier livre, que tem vindo a ser desenvolvido desde os anos oitenta. Na presente mostra estão expostos os resultados desse projecto. O tema “POLÍ(P)TICOS” serviu de motivação para as obras dos 7 autores agora apresentados. Todos os trabalhos foram construídos como peças compostas. Do conjunto sente-se o espírito de instalação e de políptico. A ambivalência deste termo encerra um jogo que teve reflexo na temática abordada.