JOAQUIM LOURENÇO
Se não conhecêssemos o autor, diríamos que o resultado desta pintura tem como origem um universo cheio de gente, um universo com companhia. Mas o que conhecemos de Joaquim Lourenço permite-nos afirmar que são os silêncios e um certo tipo de solidão que avivam todo este manancial, de gentes e coisas fixados nestes suportes. A sensação que nos fica é a da busca incessante de caminhos para nos aguçar a imaginação. Estes trabalhos de Joaquim Lourenço são alimentados por todas as temáticas já vista noutras obras ao longo da história.
Há vestígios do retrato, da paisagem da natureza morta, das marinhas… do formal e do informal. Mas elas trazem um novo ambiente ao cosmos das imagens: a ambiguidade dos sinais.Não nos parece que sejam obras abertas. E tão pouco que proponham profecias, moralismos, contos, ou reproduções. Elas desafiam-nos a que as retenhamos na memória e que as vasculhemos como coisa que nos assombra. Que nos obriga a procurar, aquilo que sabemos, ou não sabemos. Aquilo que apesar de não estar objectivado, possa ser o que queremos encontrar, numa explosão de formas e cores que nos questiona. O modo, em camadas, como nos são apresentadas, todas as presenças num sortido de cores e formas, transporta-nos para um sono acordado de onde se sai após o descodificar dos sonhos. E é na procura de algum sentido que, aqui, podemos encontrar os nossos sinais.
José Mourão
Inauguração: